segunda-feira, 2 de junho de 2014

Cientistas teletransportam informação quântica com precisão a 3 metros

Preparem-se fãs de ficção científica e namorados à distância: de acordo com cientistas dos Países Baixos, pode ser possível teletransportar pessoas de um lugar para outro num futuro distante. Em um artigo publicado na revista “Science”, os físicos do Instituto Kavli de Nanociência na Universidade  de Tecnologia de Delft, na Holanda do Sul, informaram que foram capazes de teletransportar de forma confiável informações entre dois bits quânticos separados por três metros.
O teletransporte quântico não é algo no estilo “Jornada nas Estrelas”, que movimenta pessoas ou coisas, mas sim envolve a transferência da chamada informação quântica – neste caso, o estado de spin de um elétron – de um lugar para outro sem mover a matéria física à qual a informação é anexada.
“Se você acredita que não somos nada mais do que um monte de átomos amarrados juntos de uma forma particular, então, em princípio, deve ser possível nos teletransportar de um lugar para outro”, pondera Ronald Hanson, o físico que lidera a equipe em Delft. “Na prática, é extremamente improvável, mas dizer que nunca pode funcionar é muito perigoso. Eu não descartaria [essa hipótese], pois não há nenhuma lei fundamental da física que a impeça”.

Contrariando Einstein

Bits clássicos, as unidades básicas de informação na computação, só podem ter um de dois valores – 0 ou 1. Porém, os bits quânticos, ou qubits, podem descrever simultaneamente muitos valores. Neles mora não só a possibilidade de uma nova geração de sistemas de computação mais rápida, como também a capacidade de criar redes de comunicação completamente seguras.
Além disso, os cientistas estão agora mais perto de provar que Einstein estava errado em sua descrença na noção de entrelaçamento, na qual partículas separadas por anos-luz ainda podem parecer conectadas, com o estado de uma partícula instantaneamente afetando o estado de outra.
Os pesquisadores relatam que eles conseguiram alcançar o teletransporte perfeito de informação quântica em distâncias curtas. Agora, estão tentando repetir a experiência em uma distância superior a um quilômetro. Se eles forem capazes de mostrar repetidamente que o emaranhamento funciona a esta distância, será uma demonstração definitiva do fenômeno e da teoria da mecânica quântica.
Caso o experimento seja bem-sucedido a distâncias maiores, isto ofereceria uma solução positiva para um experimento de pensamento conhecido como Teorema de Bell. Proposta em 1964 pelo físico irlandês John Stewart Bell, ele seria um método para determinar se as partículas conectadas via entrelaçamento quântico comunicam informações mais rápido do que a velocidade da luz.

O grande diferencial

“Há uma grande corrida acontecendo entre cinco ou seis grupos para provar que Einstein estava errado”, contou Hanson, explicando que o reconhecimento seria muito grande. No passado, cientistas tiveram alguns ganhos no teletransporte de informação quântica – que é conseguida ao forçar bits quânticos fisicamente separados a um estado emaranhado.
Contudo, a confiabilidade do teletransporte quântico têm se provado ilusória. Por exemplo, em 2009, físicos da Universidade de Maryland (EUA) demonstraram a transferência de informação quântica, mas apenas 1 em cada 100 milhões de tentativas teve sucesso, o que significa que era necessário cerca de 10 minutos para transferir um único bit de informação quântica. Em contraste, os cientistas da Delft alcançaram este objetivo “de forma determinística”. Isso significa que conseguiram teletransportar o estado quântico de dois elétrons entrelaçados com precisão em 100% das vezes.
Eles fizeram isso ao produzir qubits usando elétrons presos em diamantes a temperaturas extremamente baixas. Segundo Hanson, os diamantes efetivamente criam “mini prisões”, nas quais os elétrons são mantidos. Os pesquisadores foram capazes de estabelecer uma rotação, ou valor, para os elétrons e, em seguida, ler este valor de forma confiável.
Para além da possibilidade de uma internet quântica impenetrável, a pesquisa também apresenta a possibilidade de redes de computadores quânticos. Até o momento, computadores quânticos práticos – que poderiam resolver determinadas classes de problemas muito mais rapidamente do que até mesmo os mais poderosos computadores em uso atualmente – continuam a ser um objetivo distante. Um computador quântico funcional precisaria emaranhar um grande número de qubits e manter esse estado emaranhado por períodos relativamente longos, algo que até agora não foi alcançado.
O líder da pesquisa ainda sugeriu que uma rede quântica distribuída poderia oferecer novas formas de privacidade. Tal rede possibilitaria que um usuário remoto executasse um cálculo quântico em um servidor, e, ao mesmo tempo, tornaria impossível para o operador do servidor determinar a natureza do cálculo. [The New York TimesIndependent]

Teoria da Informação Quântica pode revelar a natureza real do mundo físico


Pergunte para qualquer físico quais são as duas principais teorias do século 20, e eles provavelmente vão dar a mesma resposta: a teoria da relatividade de Einstein e a mecânica quântica. Mas talvez uma terceira teoria, do século 21, entre para o hall da fama: a Teoria da Informação Quântica, ou Teoria Quântica da Informação.
A mecânica quântica surgiu na década de 20, para descrever o estranho comportamento dos átomos e elétrons. Já a teoria da informação apareceu duas décadas depois, com fórmulas para quantificar a comunicação através de telefones.
Ao contrário dos físicos quânticos, mais preocupados em desenvolver computadores super rápidos, os teóricos da informação quântica estão motivados a entender a realidade física, e entender melhor a mecânica quântica da natureza.
Realidade computadorizada
No coração da ciência da informação quântica está um modelo de representação da informação, conhecido como qubit. Ele é análogo ao 1 e 0 , processados por computadores comuns – os bits. Mas um qubit está dentro do universo quântico, por isso pode ser o 1 e o 0 ao mesmo tempo. Essa superposição de identidade dá à informação quântica um poder extraordinário.
Os qubits podem, por exemplo, transmitir mensagens codificadas super seguras, tipicamente na forma de fótons. Elas são seguras porque qualquer tentativa de alterar a mensagem seria notada.
Esse tipo de sistema já é comercializado, e talvez um dia se torne uma necessidade de mercado devido à outra aplicação da Informação Quântica: a computação quântica. Computadores com qubtis poderiam resolver problemas que um supercomputador comum não conseguiria em milhões de anos.
Aplicações? Você poderia usar um computador assim para prever o resultado de reações químicas, por exemplo, sem necessitar dos tubos de laboratório. Essa habilidade poderia melhorar a produção de materiais industriais e de medicamentos.
“Nós não prevemos que você vai usar um computador quântico para enviar um e-mail. Mas jogos quânticos seriam realmente incríveis”, afirma o físico John Preskill.
Além do mercado, os cientistas pretendem usar essas teorias para entrar nas fundações da realidade. A quântica poderia mostrar a interface entre a matemática e o mundo físico.
Quebrar códigos, por exemplo, envolve solucionar o complicado problema matemático de encontrar os fatores primos de um número muito grande, com centenas de dígitos. Mas, como descoberto por Peter Shor, em 1994, algoritmos do computador quântico conseguem solucionar isso – e as implicações são grandes.
“Fatores são um problema difícil clássico”, afirma Preskill. “Mas os algoritmos de Shor demonstram que isso é um problema fácil para a visão quântica”. Em outras palavras, o processamento de informações quânticas revela algo sobre a relação matemática com a realidade física, algo antes não imaginado.
Mas alguns problemas matemáticos são difíceis até quanticamente. Entendê-los poderia nos dar uma noção de que tipos de computações matemáticas são possíveis no universo físico.
Um desses problemas, que está sendo estudado pelo cientista Scott Aaronson, é a tese de Church-Turing. Ela basicamente indica que qualquer coisa que possa ser computada por um sistema físico também pode ser computada por um computador “universal” idealizado, chamado de máquina de Turing.
“Isso é uma afirmação falsificada sobre as leis da física”, afirma Aaronson. “Ela expressa a crença de que se as leis da física forem como um código de computador, então qualquer linguagem de programação para as leis da natureza poderia emular qualquer outra”.
Mas as ideias de Shor atestam que os computadores quânticos poderiam fazer coisas que uma máquina de Turing não conseguiria. Nesse caso, ou a computação quântica é impossível (o que não é muito provável, já que isso implicaria que a mecânica quântica está errada), ou a tese de Church-Turing está incorreta no que tange o mundo físico, a não ser que exista uma maneira de um computador comum simular a física quântica. “Ninguém provou isso, mas seria uma incrível descoberta matemática”, afirma Aaronson.
Raízes quânticas
Uma descoberta igualmente incrível seria identificar o princípio físico que exige que a realidade obedeça às regas da mecânica quântica. No começo, os pioneiros quânticos visualizaram a matemática que funciona – e que exige o estranho conceito de múltiplas realidades possíveis. Mas a questão do por quê uma matemática tão bizarra funcionava tão bem era deixada de lado.
Mas, nos últimos tempos, a aventura em busca de um princípio físico pelo qual a mecânica quântica funciona tem ganhado força, e a informação quântica tem sido o motor disso. [ScienceNews]

sexta-feira, 15 de março de 2013

Confirmado: partícula descoberta no Cern em julho de 2012 é o Bóson de Higgs





AP/Cern
Colisão de prótons registrada no CMS em 2011: análise dos dados confirmou descoberta do Bóson de Higgs

A dúvida, se é que ela existia, acabou: os físicos do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (na sigla em francês, Cern) anunciaram nesta quinta-feira (14/03/2013) que após uma extensa análise de dados a partícula subatômica descoberta em julho de 2012 é realmente o Bóson de Higgs , previsto em teoria em 1964, e é considerado uma das peças fundamentais de formação do Universo. 

A partícula, conhecida popularmente como partícula de Deus, faz parte do mecanismo que dá massa a toda a matéria, e ganhou seu nome por causa de Peter Higgs , um dos físicos que postularam sua existência.

No ano passado, os cientistas do Cern anunciaram a descoberta de uma partícula 'parecida com o Higgs', mas que não chegaram a confirmar que se tratava do Bóson com 100% de certeza. Mas hoje os físicos anunciaram em um comunicado em um congresso de Física nos Alpes italianos, após uma análise cuidadosa de um ano de dados produzidos pelo Grande Colisor de Hádrons (na sigla em inglês, LHC) que sim, trata-se mesmo do Bóson. 

"Para mim está claro que estamos lidando com um bóson de Higgs, embora tenhamos ainda um caminho longo até saber que tipo de bóson ele é," disse Joe Incandela, físico que chefia uma das duas equipes do Cern que lidam com o tema, cada uma com cerca de 3.000 cientistas.


A existência do Bóson confirma a teoria de que os objetos ganham seu tamanho e forma quando seus átomos e elétrons interagem em um campo de energia que contém bósons de Higgs. Quanto mais eles atraem esse campo, maior sua massa vai ser, de acordo com a teoria.
Mas, ainda está em aberto, segundo o comunicado do Cern, se este é o bóson esperado na teoria original ou se o mais leve de vários, como está previsto em outras hipóteses que ampliam o modelo de Higgs. 

Mas, por enquanto, está estabelecido que o Bóson de Higgs existe, de alguma forma.

A confirmação coloca o Bóson de Higgs, seus teóricos e descobridores como concorrentes fortes ao Nobel de Física deste ano, mas ainda não se saberia se ele iria apenas para Peter Higgs e seus colegas proponentes da teoria, ou para os milhares de cientistas do Cern, ou se para todos eles. 
Entenda: 

terça-feira, 12 de março de 2013

'Pai' da física atômica moderna torna-se professor honorário da USP


O físico americano Daniel Kleppner, um dos fundadores do Centro de Átomos Ultrafrios, que congrega nos Estados Unidos pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Harvard, recebeu o título de professor honorário do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), do qual tem sido uma espécie de conselheiro há mais de dez anos. 
Entender como a mecânica quântica funciona quando milhares de partículas interagem entre si simultaneamente é uma das grandes charadas deste século e muitos dos experimentos realizados nos últimos anos com esse objetivo têm como base o trabalho desenvolvido por Kleppner.
A homenagem foi feita durante simpósio organizado pelo Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (Cepof) de São Carlos, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiados pela Fapesp, e reuniu no interior de São Paulo alguns dos mais destacados cientistas da área.
“Dan acaba de completar 80 anos e, para um físico, a melhor forma de celebrar alguma coisa é organizando um simpósio”, brincou o vencedor do Nobel de Física de 1997 William Phillips, também professor honorário do IFSC-USP, durante a abertura do evento.
Mais conhecido no meio acadêmico como Bill, Phillips, pesquisador do National Institute of Standards and Technology (NIST), dos Estados Unidos, foi aluno de Kleppner e recebeu o Nobel – com Steven Chu e Claude Cohen-Tannoudji – por ter inventado uma espécie de armadilha para imobilizar átomos que une raios laser e campos magnéticos.
A técnica permitiu aos cientistas alcançar uma temperatura seis vezes mais baixa do que se acreditava ser possível – algo em torno de 40 milionésimos de um grau Celsius acima do zero absoluto. “Isso é quatro milhões de vezes mais frio que a temperatura do espaço sideral e 100 milhões de vezes mais frio do que nitrogênio líquido, com certeza a coisa mais gelada que você já viu na vida”, explicou Phillips.
Além de possibilitar o desenvolvimento de relógios quânticos extremamentes precisos – que por sua vez possibilitaram a criação do Global Positioning System (GPS), já presente na maioria dos carros das grandes cidades –, a invenção de Phillips também tornou possível o experimento que rendeu o Nobel a Cornell, Carl Wieman e Wolfgang Ketterle: alcançar um estado da matéria conhecido como condensado de Bose-Einstein, no qual ao chegar próximo do zero absoluto ela se comporta como um fluido com viscosidade zero – o chamado superfluido – capaz de se deslocar em velocidades baixas sem dissipar energia.
A existência do condensado de Bose-Einstein foi prevista por Albert Einstein em 1925, a partir do trabalho de Satyendra Nath Bose (1894-1974). Os experimentos realizados por Cornell, Wieman e Ketterle nos anos 1990 abriram caminho para as pesquisas hoje em andamento no Cepof, sob coordenação do professor Vanderlei Bagnato, do IFSC-USP, que trabalhou com Kleppner durante seu doutorado no MIT.
Em 2009, um estudo feito pelo grupo de Bagnato em parceria com pesquisadores da Universidade de Florença, na Itália, demonstrou que o fenômeno da turbulência – que ocorre em líquidos e gases submetidos a movimentos desordenados – também pode ser observado no condensado de Bose-Einstein. A descoberta abriu uma nova janela para a investigação em dois dos principais desafios na física contemporânea: o estudo dos fenômenos de turbulência e dos superfluidos.
Tecnologia do futuro
Outros dois colaboradores de Kleppner que estiveram no simpósio foram David Wineland, do NIST, e Serge Haroche, do Collège de France. Ambos ganharam o Nobel de Física em 2012 por pesquisas que permitiram manipular, analisar e contar partículas quânticas sem destruí-las. Entre as promessas de novas tecnologias que deverão surgir a partir desse feito estão os computadores quânticos ultravelozes.
“Ao analisar a história da tecnologia, podemos perceber que o futuro está nas coisas muito pequenas, ou seja, está na direção da mecânica quântica”, afirmou Cornell, que atualmente é professor da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos.
No grupo de vencedores do Nobel presente em São Carlos para homenagear Kleppner, Dudley Herschbach, de Harvard, era o único que visitava o Brasil pela primeira vez. Também era o único cuja área de atuação não era a física atômica e sim a físico-química.
Herschbach recebeu o prêmio máximo da ciência em 1986 por seus experimentos pioneiros com a técnica de feixes moleculares cruzados para estudar reações químicas e a dinâmica dos átomos das moléculas em tempo real. “Mas acho que fui convidado para este simpósio, na verdade, porque sou amigo de Kleppner há mais de 50 anos, desde a graduação”, contou.
A programação do evento contou ainda com outros palestrantes ilustres, como o francês Alain Aspect, cotado para receber o Nobel por suas pesquisas na área de óptica que permitiram o desenvolvimento da criptografia quântica, tecnologia que promete tornar inviolável a segurança de informações sigilosas e que já está sendo adotada em alguns bancos.
“Eu diria que não apenas o trabalho dos aqui hoje presentes, como a maior parte do que está acontecendo na física atômica em todo o mundo está de alguma forma conectada às pesquisas de Kleppner”, avaliou Phillips.
Considerado um injustiçado no meio científico por nunca ter ganho um Nobel, apesar de ter ajudado a formar tantos vencedores do prêmio, Kleppner – apelidado por Phillips de “o Poderoso Chefão do condensado de Bose-Einstein” – mantém-se modesto.
“Acho que a vinda de uma audiência tão extraordinária ao Brasil é mais uma demonstração de reconhecimento e respeito pelo trabalho que vem sendo realizado pelo grupo do professor Bagnato do que uma demonstração de afeto por mim. Eles poderiam me encontrar a qualquer momento nos Estados Unidos”, brincou.[Fonte: Terra]

segunda-feira, 23 de julho de 2012

A natureza é decididamente imprevisível, dizem físicos


O experimento idealizado pelo Dr. Tittel envolveu medições sobre pares entrelaçados de fótons, usando um aparato que permite que cada fóton possa tomar apenas um de dois caminhos possíveis.[Imagem: UCalgary]
Natureza imprevisível
Em um artigo que promete desmerecer os palpites de todos os futurólogos e balançar os fundamentos de quase todas as previsões, pesquisadores da mecânica quântica afirmam que a natureza é decididamente imprevisível.
Muitas das previsões que fazemos no dia-a-dia são vagas, e, na maioria das vezes, mostram-se incorretas. Isto porque temos informações incompletas, por exemplo, quando tentamos prever o tempo.
Na mecânica quântica a coisa é pior porque, mesmo se toda a informação estiver disponível, os resultados de determinados experimentos geralmente não podem ser previstos perfeitamente de antemão.
Essa incapacidade de prever com precisão os resultados de experimentos na física quântica tem sido objeto de um longo debate, datando das discussões entre Einstein e seus colegas.
Assim, embora pareça uma ferramenta inadequada para prever resultados, os pesquisadores agora afirmam que a teoria quântica está perto do ideal em termos de seu poder preditivo.
Deus joga dados justos
"Em nosso experimento, mostramos que qualquer teoria na qual houver significativamente menos aleatoriedade [do que na mecânica quântica] está destinada ao fracasso: a teoria quântica fornece essencialmente o limite final na previsibilidade do Universo," garante o Dr. Wolfgang Tittel, da Universidade de Calgary, no Canadá.
O Dr. Renato Renner, professor na ETH em Zurique, coautor do estudo, acrescenta: "Em outras palavras, não só Deus joga dados, mas seus dados são limpos."
A referência lembra Albert Einstein, que disse em uma carta a seu colega Max Born que não acreditava que Deus jogasse dados, significando que ele, Einstein, acreditava em leis muito precisas e definidas da natureza - Einstein não tinha muita simpatia pela mecânica quântica.
O trabalho de Tittel e seus colegas contesta essa pretensa precisão, dando razão ao filósofo David Hume, que afirmava que as chamadas "leis científicas" são meras probabilidades, e que nada impede que eventos futuros venham contestar eventos observados antes.
Aleatoriedade e incerteza
A aleatoriedade é uma das principais características da teoria quântica, geralmente expressa pelo principio da Incerteza de Heisenberg.
Esse comportamento estranho tornou-se amplamente conhecido mesmo fora da comunidade científica, graças a experimentos como o gato de Schodinger, partículas que percorrem dois caminhos simultâneamente, além de todos os trabalhos na área da computação quântica.
Mais recentemente, cientistas propuseram que mesmo a função de onda, uma construção matemática que descreve as partículas, é uma entidade física real.
"Seu apelo é a sua natureza fundamental e sua ampla gama de implicações: conhecer a configuração precisa do universo no Big Bang não seria suficiente para prever a sua evolução completa, em contraste, por exemplo, com a teoria clássica," explica Tittel. [Fonte: Inovação Tecnológica]
Bibliografia:

Experimental Bound on the Maximum Predictive Power of Physical Theories
Terence E. Stuart, Joshua A. Slater, Roger Colbeck, Renato Renner, Wolfgang Tittel
Physical Review Letters
Vol.: 109, 020402
DOI: 10.1103/PhysRevLett.109.020402

quinta-feira, 5 de julho de 2012

"Bóson de Higgs me custou 100 dólares", diz Hawking

O físico britânico popstar Stephen Hawking estava torcendo para que o bóson de Higgs, partícula que ajudaria a explicar como outras recebem massa, não fosse encontradoEm setembro de 2008, apostou 100 dólares com outro físico — Gordon Kane, da Universidade de Michigan, nos EUA — dizendo que o Higgs não seria encontrado. Hawkings, ao que tudo indica, perdeu.


Cientistas do LHC, o maior colisor de partículas do mundo, que fica na fronteira entre a França e a Suíça, anunciaram a descoberta de uma nova partícula fundamental da matéria que tem todo o jeito de ser o procuradíssimo bóson de Higgs. O próprio Peter Higgs, físico britânico que propôs a partícula na década de 1960, presente durante o anúncio, comemorou. "Acho que o encontramos", disse.


"É um resultado importante e deveria ser premiado com o Nobel", disse Hawking em uma entrevista à rede britânica BBC. "Contudo, não deixa de ser uma pena porque os grandes avanços na física vieram de experimentos que deram resultados que não esperávamos", continuou o físico. "Por causa disso, apostei com Gordon Kane que a próxima partícula não seria encontrada. Parece que acabei de perder 100 dólares."



Saiba mais

BÓSON DE HIGGS
O bóson de Higgs é uma partícula subatômica prevista há quase 50 anos. Após décadas de procura, os físicos ainda não conseguiram nenhuma prova de que ela exista. O Higgs é importante porque a existência dele provaria que existe um campo invisível que permeia o universo. Sem o campo, ou algo parecido, nada do que conhecemos existiria. Os cientistas não esperam detectar o campo -- em vez disso, eles esperam encontrar uma pequena deformação nele, chamada bóson de Higgs. [Fonte: Veja]





segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cientistas encontram provas de que a ‘partícula de Deus’ existe


CERN
Imagem mostra candidato a bóson de Higgs contendo dois fótons de alta energia (representados por torres em vermelho). As linhas amarelas são as trajetórias de outra colisão

Físicos do Laboratório Nacional Acelerador Fermi, vinculado ao Departamento de Energia dos Estados Unidos, anunciaram nesta segunda-feira (2/7/2012) que encontraram a mais forte evidência até agora da existência de um corpo subatômico conhecido como "partícula de Deus", ou bóson de Higgs.
A evidência surgiu com subprodutos da colisão de partículas no acelerador chamado de Tevatron, disseram os cientistas. A pista, porém, ainda precisa de mais evidências que a comprovem.
Cientistas que trabalham no maior acelerador de partículas do mundo, no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, o CERN, na Suíça, planejam anunciar nesta quarta (4) que eles conseguiram encontra provas suficientes de que a chamada ‘partícula de Deus’ existe de fato.
Após décadas de pesquisa e bilhões de dólares investidos, pesquisadores do CERN, ainda não estão prontos para dizer que descobriram a partícula. No entanto, especialistas familiarizados com a pesquisa do Cern dizem que os dados obtidos vão mostrar vestígios do princípio conhecido como bóson de Higgs, provando que ele existe, mas não permitindo afirmar que foi vislumbrado.
Cientistas sêniores do Cern afirmam que as duas equipes que planejam apresentar os resultados do trabalho nesta quarta-feira (4) estão tão fechados que só é impossível saber de alguma coisa sobre a descoberta.
“Eu concordo que qualquer observador de fora diria que ‘isto parece como uma descoberta’”, disse à AP o físico teórico John Ellis, professor da King's College London, que tem trabalha no Cern desde 1070. “Nós descobrimos alguma coisa que é consistente para ser o bóson de Higgs”.

A partícula de Higgs recebeu este nome após o físico Peter Higgs, que, entre outros físicos na década de 1960, ajudou a desenvolver o modelo teórico que explica por que algumas partículas têm massa e outros não, uma etapa importante para entender a origem da massa. O modelo prevê a existência de uma nova partícula. Para físicos de partículas, encontrar o bóson de Higgs seria essencial para confirmar o modelo usado para explicar o que dá massa a matéria e, consequentemente, como o universo foi formado.


Equipes em busca do bóson de Higgs 
Apenas grandes colisores de partículas como o Tevatron do Fermilab - que teve as atividades encerradas em setembro de 2011 – e o grande colisor de hádron, do Cern, têm a chance de produzir a partícula de Higgs. Cada uma das duas equipes conhecidas como ATLAS e CMS envolve milhares de pessoas que trabalham de forma independente para garantir a precisão.

Rob Roser, que lidera as pesquisas sobre o bóson de Higgs no Fermilab, em Chicago, afirmou que os físicos de partículas têm um padrão muito alto para o que é preciso e para o que é considerado uma descoberta.
Roser compara a os resultados que os cientistas vão anunciar na quarta à descoberta de marcas fossilizadas de um dinossauro. “Você vê as pegadas e as sombras do objeto, mas não o vê de fato”, disse à AP.
Cientistas com acesso para os novos dados do CERN dizem que eles mostram um alto grau de certeza de que o bóson de Higgs já pode ter sido vislumbrado e que, oficialmente, combinando os resultados separados de ATLAS e CMS, pode-se argumentar que uma descoberta está muito próxima.(Com informações da AP e Reuters) [Fonte: IG]